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Há 31 anos, classes hospitalares garantem atendimento aos estudantes em tratamento médico

A Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esportes (SEE) garante atendimento pedagógico-educacional, que ocorre em ambientes de saúde no estado há 31 anos. O atendimento legitima o direito de toda criança à educação por meio da efetivação de práticas inclusivas.

O atendimento das Classes Hospitalares ocorre com pacientes em idade escolar, na circunstância de internação para tratamento de saúde, seja em atendimento hospitalar diário, semanal ou em serviços de atenção integral à saúde mental.

As classes hospitalares funcionam como um espaço de vivências educativas para crianças e adolescentes durante o tratamento de saúde. Em Rio Branco, existem quatro classes hospitalares. Uma no Hospital da Criança, que é pioneira, desde 1990; uma no Hospital de Saúde Mental do Acre (Hosmac), outra no Hospital do Câncer (Unacon) e, também, na Casa de Acolhida Souza Araújo.

No Acre, as classes hospitalares surgiram com o objetivo de garantir a manutenção do vínculo do aluno com a escola de origem, por meio de um currículo flexível e/ou adaptado, favorecendo seu ingresso, retorno e/ou adequada integração do referido aluno como parte do direito de atenção integral.

Os pacientes em tratamento médico têm acesso às atividades pedagógicas durante a permanência no hospital, inclusive neste período de pandemia. Elas são garantidas por meio das classes hospitalares conduzidas por professoras da rede estadual designadas para esta função.

As professoras lecionam nos leitos, enfermarias ou em salas específicas dentro das instituições de saúde, pois nestes espaços são realizados atendimentos pedagógicos e lúdicos às crianças e adolescentes com atividades de apoio aos conteúdos curriculares vigentes e atividades diversas – lúdicas e recreativas e mantém vínculos dos pacientes com a escola.

A senhora Edileuza da Silva, moradora na zona rural de Sena Madureira, é mãe da Vitória da Silva de 11 anos que está internada no Hospital da Criança desde setembro, tratando queimaduras de 3º grau no corpo, acompanha o desenvolvimento da Vitória. “No dia que não tem aula ela fica triste. Minha filha adora o atendimento. Ela está sendo alfabetizada, pois moramos na colônia e é muito difícil para ela. Esse trabalho tem ajudado muito, porque se ela ficar só no leito deitada, fica muito pensativa e na sala além de aprender ela se distrai, ajuda passar o tempo”.

A professora Eliana Oliveira Gomes vivencia suas experiências há três anos no Hospital da Criança e é acompanhada pela assessora pedagógica Maria Clarice Oliveira. No Unacon as aulas serão retomadas no mês de dezembro e nas demais classes os atendimentos retornarão brevemente.

Joaquim Nascimento, 13 anos, estudante do 7º ano, recebe atendimento no leito. Foto: Mardilson Gomes/SEE
Os alunos atendidos são de todas as faixas etárias. Não há como determinar uma única prática pedagógica, pois cada aluno requer um atendimento diferenciado que contemple suas necessidades e respeite suas limitações devido às condições de saúde.

“Meu filho tem melhorado muito com o atendimento, está ajudando a voltar a lembrar das coisas, já está escrevendo. A professora Eliana ajuda com as atividades que a escola manda e ela tem dado um reforço com aulas de inglês”, relata Maria Darlete Nascimento, moradora na zona rural de Porto Acre, mãe do Joaquim Nascimento de 13 anos, estudante do 7º ano, internado desde setembro no Hospital da Criança tratando de meningite.

O tempo de atendimento varia de acordo com cada criança, indo de um dia, meses, ou até mesmo alguns anos, em casos de longos tratamentos. Quando as crianças saem do hospital elas levam um relatório com as atividades escolares desenvolvidas na classe hospitalar para apresentar na escola onde está matriculada.

Com a pandemia, os atendimentos na sala passaram a ser individualizados, com estratégias diferenciadas, respeitando os protocolos estabelecidos, com base no treinamento da equipe de Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH).

“Tem sido uma experiência nova para mim como professora dentro de um ambiente hospitalar, mas achei bem interessante e tenho me identificado bastante. Tive que ter jogo de cintura porque em uma sala de aula comum você segue o currículo e tem um tempo mais marcado e aqui não, você tem que trabalhar de acordo com a enfermidade da criança”, declarou a professora Eliana Gomes.

Eliana disse ainda, que tem que ficar sempre atenta a escuta, pois a criança passa por traumas por conta da injeção, dos procedimentos comuns no hospital, precisa parar para ouvir a criança e trabalhar uma atividade mais lúdica com histórias e músicas para a criança relaxar e ter condições de assimilar melhor o conteúdo.

Em 2020 uma média de 150 alunos foi atendida, considerando que existe uma rotatividade desse alunado em vulnerabilidade de saúde. Em 2021, no Hospital da Criança foram atendidas até o momento, 64 alunos.

Há casos de alunos que saem das unidades hospitalares, mas ainda não podem frequentar a escola e nestes casos, é oferecido o atendimento domiciliar. Atualmente 35 estudantes são acompanhados. 75 professores de 35 escolas estão envolvidos neste trabalho.

“O atendimento domiciliar é outro serviço da Educação Especial que é desenvolvido na casa do aluno. Esses mesmos alunos que estão no hospital às vezes têm alta e o médico não autoriza o retorno para a escola, por apresentarem baixa imunidade ou é uma doença que precisa de um tempo maior para voltar ao convívio social”, pontuou Clarice Oliveira, assessora pedagógica.

Edmilson Ferreira
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Edmilson Ferreira

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