oluição, exposição a produtos químicos ou poeira, fatores genéticos, infecções respiratórias recorrentes. Existem várias condições que podem desencadear uma doença respiratória. Mas quando o assunto é tabagismo, ele se torna um grande fator de risco nessa história.
Um exemplo muito comum é a bronquite, doença caracterizada pela inflamação na mucosa que reveste os brônquios, estruturas pulmonares encarregadas de levar e trazer o ar a cada respiração. Mais do que isso, eles são responsáveis por aquecer e umidificar o ar e levar o oxigênio para dentro e para fora do pulmão. O problema é que essa inflamação, a chamada bronquite, leva a um grande inchaço nessa região, dificultando justamente a passagem do ar.
Sonia Maria Martins, que é Médica de Família e Comunidade, Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisa Respiratória na Atenção Primária a Saúde (GEPRAPS) do Centro de Estudos em Saúde Coletiva (CESCO) do Centro Universitário da Faculdade de Medicina do ABC, explica que, nesse processo inflamatório, o tubo que possibilita a passagem de ar se contrai, o fluxo de respiração é reduzido, causando falta de ar, chiado no peito e crises de tosse. Para tentar contornar a situação, com o intuito de curar a inflamação e liberar a passagem de ar, o organismo aumenta a produção de muco e secreção. Por isso, essas são características presentes na pessoa que possui a doença.
Mas vale lembrar que existem dois tipos de bronquite: a aguda e a crônica. A principal diferença entre as duas está na duração, nos sintomas e no agente causador. Enquanto a bronquite aguda é normalmente provocada pela ação de vírus e bactérias, a outra é considerada uma doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) causada pela exposição a agentes nocivos, como fumaça do cigarro, tabaco e produtos químicos que causam irritação. Sendo, portanto, a forma mais grave e preocupante da bronquite. Sem falar que na versão aguda, os sintomas podem durar semanas. Já na versão crônica, as crises são recorrentes e podem durar até mesmo por anos.
Sendo assim, quando falamos em bronquite crônica, o cigarro pode ser sim um dos agentes causadores da doença. Mas além dele, poluição excessiva, poeira, gases tóxicos lançados no ambiente e baixa umidade do ar, por exemplo, também podem contribuir. Mas se diante disso, quando uma pessoa já sofre com o problema por outro motivo, ela ainda se torna tabagista, o risco fica ainda maior.
Segundo Sônia, as pessoas que fumam ou que convivem com fumantes tendem a sofrer ainda mais. Isso porque o tabagismo pode desencadear crises de bronquites agudas e até mesmo levar ao desenvolvimento da versão mais grave, a crônica. E para quem já a possui e ainda fuma, a continuidade da exposição ao cigarro vai deteriorando cada vez mais os brônquios, piorando dia a dia a capacidade pulmonar e os sintomas.
Existe cura?
A resposta é sim e não. No caso da bronquite aguda, por ser causada por vírus e/ou bactérias, é possível sim obter a cura por meio de um tratamento medicamentoso indicado pelo médico especialista. No entanto, a bronquite crônica não tem cura, apenas o tratamento que permite o controle da doença, minimizando as crises, os sintomas e até mesmo prevenindo sua evolução.
É importantíssimo ressaltar que a cessação do tabagismo é a principal forma de evitar a progressão da doença, uma vez que a exposição às substâncias nocivas, no caso do cigarro, é o que provoca a irritação das vias aéreas e, consequentemente, a inflamação.
Além da interrupção do uso do cigarro, Sônia lista outras estratégias de tratamento: nebulização, ingestão de medicamentos para reduzir o nível da inflamação e desobstruir a passagem de ar, conforme orientação profissional, o que facilita a entrada de oxigênio para dentro dos pulmões, reabilitação pulmonar e hidratação. Além de outras medidas de prevenção, como a vacinação anual contra o vírus da gripe, uma vez que esta pode piorar a doença, e a vacina contra o pneumococo, que é a principal bactéria causadora de infecções respiratórias.
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