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Não vacinados são último grupo a ocupar UTI para Covid-19 no Acre

Os hospitais de campanhas são estruturas montadas em campos de batalhas para atender os feridos de uma guerra. O conceito é atualmente aplicado às unidades erguidas para atender vítimas de um desastre, ou, no caso, uma pandemia. O cenário frenético de duas ou mais pessoas chegando com falta de ar, implorando pela vida, ao Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia do Acre (Into-AC) – referência para Covid-19 em Rio Branco – e Hospital de Campanha (HCamp), não é mais a realidade há cerca de dois meses.

Ao adentrar a recepção do HCamp lê-se no quadro branco – que servia para as anotações diárias dos profissionais – “Sozinho vencemos às vezes, mas em equipe podemos ganhar constantemente”. E de fato, hoje, os guerrilheiros que ali estiveram por mais de um ano podem comemorar o trabalho em equipe e, graças a elas, os pacientes que estiveram internados receberam o afinco de quem quer salvar vidas.

No pico da pandemia de 2021, o Into-AC/HCamp – que possui aporte para 50 leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) –  chegou a registrar ocupação total dessas unidades. Nesta terça-feira, 27, o Into registrou apenas 10 internações em UTI e 5 em enfermaria.

“Se fizermos uma retrospectiva, veremos que lá no início, nos primeiros casos, tínhamos apenas 2 leitos de UTI, sendo que a primeira UTI foi montada no Pronto-Socorro de Rio Branco, ocupada por um paciente da rede privada. Iniciamos com 2 e chegamos a 106 leitos de UTI, apenas para Covid-19”, destacou a secretária de Estado de Saúde, Paula Mariano.

A fisioterapeuta da UTI, Raquel Souza, relata que a maioria das últimas internações registradas no Into-AC são de pessoas que se recusaram a tomar a vacina contra a Covid-19. “Por exemplo, são os idosos que a família não levou para vacinar, aqueles que tomaram apenas a primeira dose e pessoas com comorbidades.”

O diretor-geral do Into-AC, Anderson Luiz Silva, conta que é um alívio poder percorrer os corredores que estão vazios. “Passa um filme na cabeça. Eu vi meu padrasto morrer ali, naquela última cama. Passei para fazer uma reunião com a minha equipe, perguntei como estava e em seguida recebi a notícia do falecimento dele.”

“Hoje vivemos com esperança”

A enfermeira Dejamily Rodrigues conta que foram dias difíceis, e que ver a enfermaria com poucos pacientes é motivo de gratidão por ter contribuido e ajudado durante um retrato da história.

“Às vezes não conseguíamos ir ao banheiro, porque não queríamos deixar os pacientes desassistidos. Então, ver a enfermaria como está hoje, deixa nosso coração grato, com a sensação de que finalmente estamos vencendo essa guerra”, relata.Dejamily ainda comenta que ninguém sai ileso de uma guerra, e esse trecho de uma narrativa futura ficará guardado para sempre na sua memória. “E eu só consigo sentir gratidão por ter feito parte disso tudo, hoje sou uma pessoa melhor, uma profissional melhor. Vivemos histórias que nem nós mesmos acreditamos que vivenciamos”.

Médica do Into-AC desde setembro de 2020, Kássia Assem, atribui à redução no número de procura, internações e óbitos às medidas que foram tomadas pelo governo do Estado, além da vacinação. “Uma porcentagem na diminuição desses casos se deve às medidas rígidas que foram tomas, que está sendo refletida agora, juntamente com a vacinação que está mais rápida”.

 

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