Há exatamente um mês, o presidente Jair Bolsonaro, juntamente com o governador Gladson Cameli e outras autoridades do Acre e Rondônia, inauguravam a ponte sobre o Rio Madeira, em Abunã (RO). A estrutura é a concretização de um sonho dos dois estados e representa o início de uma nova era de progresso e oportunidades para cerca de um milhão de pessoas, que habitam a região mais ocidental do país.
De maneira mais imediata, os caminhoneiros que passam por aquele trecho da BR-364 estão entre os principais beneficiados com a ponte. Horas de espera e transtornos causados pela travessia em balsas fazem parte do passado. Agora, ir de uma margem a outra do imponente Madeira é uma questão de poucos minutos, sem o pagamento de taxas.
Afastado esse gargalo logístico, investidores já estão sondando as potencialidades da região. Nesse aspecto, o agronegócio e o corredor rodoviário para os países andinos e seus respectivos portos marítimos no Oceano Pacífico despontam como alternativas para o desenvolvimento socioeconômico do Acre.
O governador Gladson Cameli, que sempre atuou incisivamente pela construção da ponte, avaliou a nova realidade na travessia do Rio Madeira naquela localidade. O gestor lembrou que a estrutura era uma demanda histórica e reafirmou que o estado está pronto para receber novos empreendimentos.
“Esperamos tanto por esse momento e, agora, é uma realidade. Nunca mais dependeremos de balsas e essa foi uma das maiores conquistas do povo acreano. Da nossa parte, estamos de braços abertos para receber quem queira investir na nossa terra e contribuir para a geração de emprego e renda. Muito em breve, vamos colher os frutos positivos dessa ponte”, destacou Cameli.
Para Egídio Garó, consultor da presidência da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-AC), vários fatores atuarão de maneira positiva para o fortalecimento da economia acreana, como é o caso do aumento nas relações comerciais com outros países.
“A médio e longo prazo, a abertura da ligação pela ponte poderá ser vislumbrada com maiores detalhes, inclusive quando da recuperação da atividade industrial, que deve demandar mais fretes para suprimento dos estabelecimentos acreanos. Deve ocorrer, e é esperado, um aumento dos negócios para as áreas de livre comércio e as exportações via Peru, também previstas para incremento a médio e longo prazo”, enfatizou.
Nazaré Cunha é proprietária de uma transportadora e presidente do Sindicato das Empresas de Logística e Transportes de Cargas do Estado do Acre (Setacre). Segunda ela, a ponte trouxe inúmeras vantagens para o setor desde a sua abertura.
“A rapidez e a segurança são os principais benefícios. Antes, não tínhamos uma estimativa do tempo em que as carretas chegariam a Rio Branco. Agora, sabemos que o tempo médio entre Porto Velho e Rio Branco é de seis a sete horas de viagem”, pontua.
Nos períodos mais críticos da travessia, que ocorriam durante os momentos de cheia e seca das águas do Rio Madeira, os veículos chegavam a esperar até 36 horas para ir de uma margem a outra. O tempo de espera prolongado trazia riscos de saques às cargas, assim como de danos às próprias carretas.
“Também melhorou muito a questão da segurança. Nossas carretas corriam o risco de serem alvo de ladrões enquanto esperavam na fila da balsa durante à noite. Com a ponte, esse perigo não existe mais”, disse.
O fim do pagamento de taxas para atravessar o rio também está trazendo economia para o setor de cargas. A empresa que realizava a travessia cobrava até R$ 290, dependendo do tipo de veículo. No caso das transportadas, as empresas não precisarão mais arcar com um seguro extra por conta da passagem fluvial.
Nazaré relata ainda que a falta de uma ponte naquele trecho afastava profissionais autônomos de transportarem para o Acre. “Muitos caminhoneiros rejeitavam fazer o frete por conta da balsa e da demora. Os que aceitavam, acabavam cobrando mais caro por conta disso. Agora, esse problema foi eliminado”, afirma.
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