Deu tudo certo! Lançada em julho do ano passado, a missão Mars 2020 levou a Marte o rover Perseverance e o helicóptero Ingenuity, cujo pouso aconteceu no final da tarde desta quinta-feira (18). Agora, a NASA celebra a chegada segura de seu quinto rover para explorar o Planeta Vermelho, bem como o primeiro helicóptero que voará em outro planeta.
Pouco antes das 17h40 (horário de Brasília), a cápsula de entrada se separou da nave, com a entrada atmosférica acontecendo menos de dez minutos depois, em alta velocidade. Durante a reentrada, a nave atingiu temperaturas extremas de até 1.300 °C, devido à fricção com a atmosfera marciana. Os paraquedas para reduzir a velocidade da descida foram acionados às 17h53, e logo em seguida foram acionados os radares do rover para que ele medisse a distância até o solo, encontrando o local seguro para o pouso. Então, o tão aguardado pouso do Perseverance em Marte aconteceu às 17h56, mostrando mais um imenso sucesso da NASA quando o assunto é levar veículos exploratórios a outro planeta.
Essa sequência toda é apelidada de “sete minutos de terror”, com o processo de descida e pouso acontecendo de maneira autônoma, já que, dado o atraso nas comunicações entre Terra e Marte, seria impossível controlar os equipamentos a distância em tempo real. São sete minutos de muita apreensão, mas que, mais uma vez, acabaram tendo um final feliz para a agência espacial dos Estados Unidos.
Falamos que o Perseverance é o quinto rover marciano da NASA, certo? Pois bem, os anteriores foram: Sojourner, Spirit, Opportunity e Curiosity. O Sojourner chegou lá em 1997 e foi o primeiro robô de quatro rodas a percorrer o terreno marciano, como parte da missão Pathfinder. Já Spirit e Opportunity eram “irmãos gêmeos”, chegando por lá em 2004 e proporcionando descobertas sem precedentes sobre nosso vizinho espacial, incluindo evidências de água por lá. Por fim, o Curiosity chegou a Marte em 2012 e teve como missão investigar ainda mais profundamente as reservas de água marciana, descobrindo também se Marte um dia já teve a combinação de fatores necessários para a ocorrência de vida.
De todos eles, apenas o Curiosity permanece operacional — o Opportunity “morreu” em 2019, após ficar em meio a uma intensa tempestade de poeira, que impediu o funcionamento de suas baterias alimentadas por energia solar.
Agora, o Perseverance dá continuidade a esse longo trabalho da NASA nas investigações de vida antiga em Marte, já que seu principal objetivo será procurar por bioassinaturas na região da cratera Jezero, onde há 3,5 bilhões de anos existiu o delta de um rio — ou seja, lugar ideal para preservar sinais de vida antiga até os dias de hoje. Ele também é equipado com dois microfones: um gravando os sons da entrada atmosférica, descida e pouso em Marte, e outro “ouvindo” sons marcianos.
O Perseverance, ao longo de sua exploração na cratera Jezero, coletará cerca de 40 amostras do solo, armazenando o material em tubos mais ou menos do tamanho de charutos, e então depositará esses tubos em até dez locais diferentes naquela região.
Lá eles permanecerão até que uma missão da Agência Espacial Europeia (ESA), em parceria com a NASA, chegue por lá provavelmente em 2028 para fazer o resgate dos cilindros. O resgate será feito por um novo rover, que entregará os tubos a um módulo de ascensão posicionado na superfície. Esse módulo levantará voo para trazer o material à Terra, com tudo isso tendo previsão de acontecer no final da década de 2020.
Já sobre o helicóptero Ingenuity, a ideia da NASA não é realizar tarefas científicas com ele. Trata-se de um experimento de engenharia para se testar novas tecnologias de voo em Marte, abrindo potenciais portas para futuras missões exploratórias com ainda mais possibilidades do que se é possível fazer com rovers percorrendo a superfície. O helicóptero deverá voar cinco vezes, pelo menos, dentro de um mês.
Nos dez primeiros dias de missão, o Perseverance fará uma inspeção fotográfica em seus equipamentos, enviando essas imagens à Terra para que os engenheiros da missão atestem que não aconteceu nenhum dano durante o pouso. Depois, chega a hora de carregar suas baterias para dar início aos trabalhos.
Nessa primeira etapa, o rover testará, individualmente, todos os seus componentes e sistemas, garantindo seu funcionamento perfeito. Ele também confirmará sua localização exata na superfície marciana, enquanto aproveita suas câmeras para tirar fotos incríveis de seus arredores. Tudo isso levará cerca de cinco dias para acontecer. Os cinco dias restantes dessa primeira fase serão dedicados a ajustes de software, e então o Perseverance testará seu braço robótico, que será necessário para a coleta das amostras. Nesse mesmo período ele também dará seus primeiros “passos”, acionando suas seis rodas pela primeira vez.
Então, chega a segunda etapa, entre o 11º dia e o 60º dia após o pouso. Chega a vez de liberar o helicóptero Ingenuity, que, até então, permanecerá “escondido” na barriga do Perseverance. O processo de implantação do drone robótico é lento, até porque se trata de um experimento tecnológico, algo que nunca foi feito em outro mundo. Depois que todas as verificações estiverem feitas, o rover posicionará o helicóptero gentilmente na superfície de Marte, e somente depois que a equipe da missão tiver a certeza de que essa liberação deu certo é que a missão do Ingenuity começará. Cada um de seus cinco voos terá duração de 90 minutos, e acontecerão em uma janela de 30 dias.
Por fim, entre o 60º e o 100º dia de missão, começa, de vez, a parte científica da coisa, no sentido de enfim começar a investigar o terreno ao redor da cratera Jazero em busca dos melhores pontos para se colher as amostras, apostando naquelas áreas com maiores chances de abrigar alguma bioassinatura.
Ou seja: ainda vai demorar um bom tempo para que tenhamos, talvez, a resposta à antiga pergunta: “existe, ou já existiu, vida em Marte?”. Ainda assim, a chegada do Perseverance ao Planeta Vermelho é uma vitória não apenas à NASA e aos Estados Unidos, como a todo o planeta, que está cada vez mais próximo de descobrir se a vida floresceu em outros lugares além da Terra.
Fonte; CanalTech
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