Do G1 Acre
Pessoas com histórico de infecção por dengue apresentam sintomas mais leves ao contraírem o novo coronavírus e registram menor mortalidade causada pela Covid-19.
A conclusão é de um estudo liderado pelo professor e presidente do Comitê de Gerenciamento de Crise da Covid-19 da Universidade Federal do Acre (Ufac), Odilson Silvestre. A pesquisa foi publicada na revista científica “Clinical Infectious Diseases”, da editora da Universidade de Oxford, no Reino Unido.
Ao todo, foram analisadas 2.351 pessoas infectadas pelo coronavírus da capital acreana, Rio Branco, com idade média de 40 anos, sendo que 49% eram do sexo masculino. Desse total, 1.177, ou seja 50%, relataram história prévia de dengue.
O estudo mostrou que apenas 23 pacientes foram assintomáticos para a Covid-19, sendo que desses 16 não tinham histórico de dengue e sete tinham.
Após um acompanhamento médio de 60 dias desses mais de 2,3 mil pacientes, foram registradas 38 mortes entre o grupo. De acordo com a pesquisa, entre as vítimas fatais, 26 não tinham contraído dengue anteriormente e 12 tinham histórico de infecção por dengue. Ou seja, 68,4% dos óbitos por Covid-19 foram de pessoas que não tiveram a doença.
“Todo mundo está buscando dados, novidades e aspectos de proteção contra a Covid-19 e nós na Ufac, juntamente com outras universidades do Brasil e do mundo, avaliamos pessoas que tiveram a Covid. Quando perguntamos se já tiveram dengue em algum momento, aquelas que responderam que já tiveram infecção pelo vírus da dengue, tiveram uma evolução melhor da Covid. Ou seja, houve menos mortes entre aqueles que já tiveram dengue. Isso mostra, portanto, que pode ter uma relação entre essas duas doenças. Talvez quem já teve dengue no passado, agora tem alguma forma de proteção contra o coronavírus”, explicou Silvestre.