O acreano costuma dizer que no Acre existem apenas duas estações do ano: verão com sol e verão com chuvas, o popularmente chamado “inverno amazônico”, que ocorre entre dezembro e maio, em estados da região Norte. Isso porque a época das chuvas, em solo acreano, ocorre em pleno verão.
Sem entrar no mérito da geografia no que se refere às estações, com o fim da estiagem, cuja fumaça proveniente das queimadas agravava ainda mais as doenças respiratórias como asma, bronquite e rinite durante a temporada de fogo, especialmente neste contexto atípico de pandemia, o período de chuvas também requer cuidados extras com a saúde.
Esse é o alerta do especialista em pediatria, alergia e imunologia da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), médico Guilherme Pulici. De acordo com o profissional, o aumento no número de casos de alergias e outras doenças respiratórias, muito recorrentes na região com a chegada do período de chuvas intensas, é relacionado à umidade causada pelo tempo chuvoso, um dos fatores que propicia o surgimento e agravamento deste quadro.
“É só a gente lembrar que grande parte das alergias respiratórias como rinite, asma e sinusite são decorrentes principalmente dos ácaros, responsáveis por quase 90% das alergias respiratórias, isso não só no Acre, como em todo mundo. O fato de morarmos em uma região com umidade muito elevada, sendo que na época das chuvas aumenta ainda mais, uma vez que esses seres vivos gostam de ambientes úmidos e mal ventilados, para quem é alérgico é um sofrimento de fato”, explica.
O especialista conta que as principais alergias que se manifestam nessa época são a rinite — caracterizada por coriza, espirro e entupimento nasal — , além da asma, marcada por falta de ar, chiado no peito e tosse seca. Sintomas de problemas respiratórios que podem ser confundidos com os da Covid-19 e que, portanto, é preciso saber diferenciá-los, uma vez que a mudança climática facilita o aumento de agentes que causam muitas doenças alérgicas e respiratórias que se assemelham aos da doença causada pelo novo coronavírus como espirros, coriza, coceiras no nariz, ouvido, garganta, entre outros.
“Estamos no meio de uma pandemia, uma situação extremamente nova para todas as gerações que vivem esse momento agora e não sabemos até quando tudo isso vai durar, até que realmente chegue a vacina. Sobre o risco de confundir sintomas, nos quadros alérgicos, em geral não há febre, que é um dos principais indícios da Covid-19″, alerta o médico.
Outro sintoma que chama atenção é a fadiga, segundo ele, é a dor muscular que pode aparecer em alguns pacientes, além da dor de garganta que também pode ocorrer em pacientes também alérgicos. Pulici ressalta que para diferenciar tudo isso tem que levar em consideração o histórico.
“Geralmente quem é alérgico tem histórico de alergia, tem crises prévias e uma história de recorrência dos sintomas, enquanto a doença pela Covid-19 é uma doença aguda que também está se mostrando que traz efeitos a longo prazo, um assunto que está sendo cada vez mais estudado”, observa Pulici.
Portanto, em tempos de pandemia, muita atenção aos sintomas para não ir correndo ao pronto atendimento desnecessariamente, colocando a sua própria vida e a do outro em risco. Se a incerteza permanecer, antes de ir ao hospital, o médico orienta que o paciente entre em contato com o especialista que o acompanha. Até porque os casos leves de infecção por Sars-Cov-2 são tratados em casa, a exemplo das alergias respiratórias.
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