NÃO SE PODE FALAR DA POLÍTICA ACREANA sem citar o saudoso ex-vereador Edvaldo Guedes (MDB) montado no jumento “Cafuringa”, se dirigindo para seção eleitoral onde votava. Depois, desfilava pelas ruas centrais, para delírio das torcidas organizadas das militâncias.
Guedes foi um paraibano de Teixeira, que chegou ao Acre pela década de setenta como bancário, demitido depois sob o argumento de ser “louco”. De “louco”, não tinha nada, foi um dos políticos mais inteligentes que entrevistei ao longo de décadas no jornalismo.
Seu QI era acima da média. Tinha um raciocínio relâmpago. E frases demolidoras, permeadas de citações bíblicas. Foi um vereador atuante.
Candidato diversas vezes a governador. Por suas críticas duras contra colegas da Câmara Municipal de Rio Branco, que faziam a defesa do ex-governador arenista Wanderley Dantas, ao qual se referia como o “Dono do Alabique”, sob argumento que o governador vivia ébrio, teve o mandato cassado por quebra de decoro parlamentar, e nas duas vezes voltou pela justiça.
Formou com outro vereador do MDB, Aldecino Coriolano Ferraz – que também está no andar de cima – a dupla política mais virulenta e barulhenta contra os adversários da então ARENA, que já conheci. Morava no bairro da Floresta, na época um local ermo, cujo imóvel denominou de “Cafua não me Deixes.” Era um político corajoso.
Muitas vezes fazia seus discursos contra a ARENA, partido da ditadura militar, na porta do Palácio Rio Branco. Lembro que numa entrevista, quando lhe perguntei numa campanha para o governo, o que o diferenciava dos seus adversários, respondeu: “eu tenho cérebro, eles raciocinam com as bundas”. Viveu para a política, para combater os poderosos, para ajudar aos necessitados, despojado de bens materiais, assim podem ser resumidos os 62 anos daquele que pode ser chamado de poeta, filósofo do cotidiano, idealista político, Edvaldo Guedes. A sua frase: “Na política acreana só existem duas coisas sérias: eu e o meu jumento Cafuringa”, pode ser vista como folclórica, mas tinha, com raras exceções, um fundo de verdade.
NÃO PODE SER SEIS POR MEIA DÚZIA
O GOVERNADOR Gladson vai ter a grande oportunidade de colocar o seu governo no eixo político, com a nova reforma administrativa anunciada. Ao demitir todos os ocupantes de cargos de confiança, não pode voltar tudo como está. Não pode deputado de partido fraco ter mais de cem CECs na sua gestão. Tem que repactuar, cortando fundo, ou vira seis por meia dúzia.
CONVERSAR COM TODOS
O GLADSON tem de pôr na cabeça que, ele saiu da eleição desgastado com os aliados que o levaram ao governo. E que, vai ter que se sentar com todos para aglutinar o grupo, A eleição municipal tem que ser vista como página virada. Se quiser de fato disputar a reeleição, não tem outro caminho a ser seguido.
PRIMEIRO A CONVERSAR
A PRIORIDADE passa por uma conversa inicial com o PP, para saber se voltando a atuar no partido terá o apoio numa eventual reeleição. Gladson e o PP estiveram em palanques diferentes, na eleição para a PMRB. E neste tempo, o PP se aproximou mais do senador Petecão (PSD), que foca numa candidatura ao governo.
MEXER NA EQUIPE
O GLADSON também terá que mexer na equipe do primeiro escalão, porque tem diretor e secretário que não justificaram as suas nomeações, e trabalham para serem candidatos em 2022.
EXEMPLO DO BINHO
O EX-GOVERNADOR Binho Marques é um bom exemplo a ser seguido: tirou do governo todos os secretários que tinham a intenção de disputar um cargo eletivo. E, no governo Gladson, já tem secretário e diretor anunciando trabalhando candidaturas.
NÃO ACREDITO
NAS VEZES que entrevistei o senador Márcio Bittar (MDB), este nunca manifestou o desejo de deixar a sigla, mas não duvido que o faça em 2022, indo para o partido do presidente Bolsonaro.
NÃO VAI ABRIR MÃO
E, se encontra dentro da lógica, o presidente Bolsonaro querer ter um senador no seu partido. Por isso, fico sempre com um pé atrás quando o senador Mário Bittar diz que fica no MDB.
NÃO TEM O DIREITO
OS EMPRESÁRIOS do transporte coletivo não têm o direito de suspender o tráfego dos coletivos, deixando a população sem ônibus, para pressionar os vereadores pela aprovação de um projeto de repasse financeiro da PMRB. E não venham com a conversa furada, que a decisão foi tomada pelos funcionários.
LEMBRAR AOS SENHORES
É BOM lembrar a estes senhores que, não são os donos das linhas de ônibus e que, este é um serviço de concessão dado pela PMRB. É a hora do MP entrar de sola para restabelecer o serviço.
TRAPALHADAS NA SAÚDE
É UMA trapalhada atrás da outra no Ministério da Saúde, que não se entende sobre a vacinação e nem sobre quais vacinas serão usadas. Vacina não tem ideologia, como pensam os idiotas.
FALTA SENSIBILIDADE
MILHARES de pessoas morrem todos os dias vitimadas pela Covid-19, e o governo federal continua com a miserável política negacionista. É insensível. Não há muito o que esperar de quem acha ser a terra plana, e a Covid uma simples “gripezinha”.
DENTRO DO POSSÍVEL
HÁ PROBLEMAS, claro que sim, mas o secretário de Saúde, Alysson Bestene, tem se conduzido bem à frente da pasta, com as medidas adotadas no combate à pandemia da Covid-19.
CONTINUAM NO GOVERNO
OUVI do próprio governador Gladson que, Ribamar Trindade e Silvânia Pinheiro, apenas pediram férias, mas que vão continuar no governo, como os seus mais fiéis auxiliares de ponta.
NÃO COMBINOU COM OS BALSEIROS
O ENGENHEIRO Ruben Branquinho chegou ao Acre para integrar o governo Nabor Júnior, trazido pelo senador Aluízio Bezerra (MDB), na cota do MDB, no movimento “Tendência Popular”. Foi guindado a secretário de Transportes.
Contrariando a tudo e a todos, resolveu fazer uma ponte de madeira no Rio Acre, em Brasiléia. Foi alertado sobre as enxurradas e os balseiros de madeiras no inverno.
Dito e feito, no primeiro repiquete a ponte ruiu. Convocado para uma sessão na Assembleia Legislativa, Branquinho foi bombardeado pela oposição.
Mas quem deu a explicação para o desastre, foi o então deputado Edmundo Pinto (PDS): “A intenção da ponte era boa, mas faltou a este moço que não conhece o Acre, combinar com São Pedro para não chover, e com o Rio Acre para não arrastar os balseiros”.
Branquinho ainda chegou a ser deputado federal, tentou o governo, mas perdeu.
Do livro “Última Chamada para Manacapuru”- Luis Carlos Moreira Jorge.
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