Depois de alcançar seu alvo em 2018, a sonda Hayabusa2, da agência espacial japonesa JAXA, pousou no asteroide Ryugu no ano passado e coletou amostras de seu interior, a 300 milhões de quilômetros da Terra. Agora, depois deste período longe de casa, a nave está finalmente se aproximando da Terra para trazer as amostras que coletou — e que podem revelar pistas importantes sobre as origens do Sistema Solar. A sonda soltará a cápsula com as amostras em Woomera, uma cidade deserta na Austrália, no dia 6 de dezembro. Depois, a missão vai seguir viagem.
Os asteroides são alguns dos objetos mais antigos do Sistema Solar. Assim, devido às posições atuais da Terra e do Ryugu, a viagem de volta acabou sendo bem mais curta do que a de ida, que levou 3 anos e meio. A JAXA terá que enfrentar um desafio de controle e precisão para receber o material, já que planeja liberar a cápsula em uma área bastante remota. Para isso, a cápsula estará protegida do calor por um escudo térmico, e vai se transformar em uma bola de fogo durante a reentrada na atmosfera, que chega aos 3.000 °C. Então, quando estiver a uma altitude de cerca de 10 quilômetros do solo, paraquedas vão se abrir para prepará-la para o pouso, enquanto sinais de localização serão enviados.
A JAXA já preparou antenas parabólicas em alguns pontos da área para receberem estes sinais, além de radares da marinha, drones e helicópteros que darão suporte à missão de busca e recuperação. Sem isso, Makoto Yoshikawa, gerente de projeto da missão Hayabusa 2, explica que buscar uma cápsula com diâmetro de apenas 40 centímetros “seria uma tarefa de dificuldade extrema”. A cápsula será coletada por um helicóptero, e amostras dos gases em seu interior serão obtidas antes de o contêiner ser selado em uma caixa de transporte para o Japão. E nada de descanso: após liberar a cápsula, a Hayabusa2 vai voltar para o espaço e seguir uma viagem de dez anos com destino ao asteroide 1998KY26.
Para coletar as amostras, a Hayabusa2 precisou pousar duas vezes no Ryugu: o primeiro pouso ocorreu em fevereiro de 2019, e foram coletadas amostras de poeira da superfície da rocha. Já no segundo, realizado em julho do mesmo ano, a sonda fez história ao coletar material do interior do asteroide após pousar em uma cratera criada por explosivos. Os cientistas da JAXA acreditam que o material — principalmente aquele coletado abaixo da superfície — conta com dados valiosos que não sofreram a ação da radiação espacial e outros fatores do tipo.
Assim, Yoshikawa explica que os cientistas têm grande interesse em análises detalhadas das amostras do Ryugu, já que afirmam haver traços de carbono e matéria orgânica no conteúdo coletado: “os materiais orgânicos são as origens da vida na Terra, e ainda não sabemos de onde vieram”, disse. “Esperamos encontrar pistas para a origem da vida na Terra ao analisar detalhadamente os materiais orgânicos trazidos pela Hayabusa2”.
Fonte: Phys.org, ScienceAlert e CanalTech