Além de destacar o papel relevante da Unidade para o Estado e para a região amazônica, na geração de conhecimentos em áreas estratégicas como a pecuária, fruticultura e manutenção de serviços ambientais, Moretti pontuou que desde o início da pandemia, a Embrapa tomou a decisão de não parar suas atividades e precisou adaptar a forma de trabalho, incluindo o home office. Em uma análise otimista, acredita que a crise vivenciada pelo país será breve e a produção agrícola tem muito a contribuir com a retomada do crescimento econômico.
“Exemplo disso é que no segundo trimestre o agronegócio brasileiro cresceu 0,6%, enquanto os demais setores sofreram decréscimo, e a previsão é que chegue ao final do ano com um crescimento de 2%. Acredito que a economia brasileira vai se recuperar e não tenho dúvidas que a agricultura será um dos motores dessa recuperação. A Embrapa tem participação decisiva nesse processo, cada Unidade com as suas expertises”, afirmou.
O chefe-geral da Unidade, Eufran Amaral, relembrou momentos marcantes da história da Unidade, como a inauguração da sede própria, na Fazenda Cana Verde, em 1986, localizada à BR-364, e as mudanças pelas quais a instituição passou para se adequar a novas tendências e demandas, como a transformação da Unidade de Execução de Âmbito Estadual de Rio Branco (UEPAE/Rio Branco) em centro de pesquisa com foco regional, em 1991, e a ampliação do escopo de pesquisa, com os estudos em manejo florestal e para agregação de valor a produtos amazônicos, a partir de 1992.
Para o gestor, a Unidade chega aos 44 anos com elevado grau de maturidade, mas ainda jovem, com pleno vigor e preparada para novos desafios. “Temos uma trajetória de sucesso e podemos fazer mais. Nosso propósito é continuar viabilizando resultados que contribuam efetivamente para o desenvolvimento sustentável do estado e para melhorar a vida dos produtores rurais”, explicou.
Na sessão dedicada ao público externo, parceiros e apoiadores participaram com depoimentos sobre a união de esforços institucionais, destacando resultados alcançados. O Secretário Estadual de Produção e Agronegócio, Edivan Azevedo, ressaltou a importância de contar com conhecimentos técnicos no atendimento a demandas dos agricultores. “A Embrapa é uma grande parceira e queremos fortalecer cada vez mais essa relação institucional. Atualmente, estamos construindo um novo acordo de cooperação técnica com o objetivo de atender demandas específicas das diferentes cadeias produtivas do estado. O maior beneficiado nesse trabalho conjunto é o produtor rural”.
De acordo com a prefeita de Rio Branco, Socorro Nery, é essencial para a gestão municipal a interação com instituições de ciência e tecnologia, uma vez que a geração de conhecimentos tecnológicos é fator preponderante para o desenvolvimento urbano e rural. A Embrapa é uma parceira de primeira linha e isso tem gerado benefícios para o Estado e para a gestão territorial e municipal.
“Entre os principais resultados dessa parceria estão o Inventário de Gases de Efeito Estufa (GEE) de Rio Branco, o Plano Municipal de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas e, mais recentemente, o Plano Municipal de Agricultura Familiar para um horizonte de 20 anos, em fase de elaboração, além do apoio à secretaria municipal de saúde nos estudos de geomedicina no trabalho de espacialização dos casos de covid-19 na área urbana da capital acreana. Por todos esses resultados, desejo vida longa para a Embrapa e que o seu trabalho seja cada vez mais respeitado na sociedade”, enfatizou.
Como fruto da articulação institucional, a Unidade mantém convênio com 11 municípios, o equivalente a 50% do total de prefeituras, trabalho que permite otimizar recursos e aumentar a capacidade de trabalho. Outra linha de atuação da Unidade é a integração de esforços com instituições de ensino superior.
Segundo Guida Aquino, reitora da Universidade Federal do Acre, também convidada da webconferência, a Embrapa tem contribuído fortemente com formação de novos profissionais para atuarem no Acre e outros estados da Amazônia, por meio do seu quadro de pesquisadores. “Essa interação é essencial para a produção de conhecimento em áreas estratégicas para o desenvolvimento do Acre. É uma grande honra para a Ufac contar com uma instituição de renome internacional como parceira em projetos extremamente relevantes para a pesquisa e ensino do estado”, afirmou.
Para o vereador Mamed Dankar, a Embrapa é uma instituição altamente democrática no atendimento, em função do seu público diversificado (agricultor, pecuarista, ribeirinhos, indígena ou extrativista). “Os conhecimentos gerados pela Empresa permitem o uso racional da biodiversidade, de forma a garantir o sustento das famílias e a manutenção dos recursos naturais. Além disso, se hoje o Acre tem uma pecuária forte e competitiva, em muto se deve aos estudos com gramíneas forrageiras desenvolvidos pela Embrapa, que possibilitaram melhorar a produtividade dos rebanhos”, ressaltou.
Um dos pontos mais esperados da celebração foi o lançamento do portfólio de tecnologias da Embrapa Acre. O documento em formato digital reúne soluções tecnológicas testadas e validadas, desenvolvidas a partir de pesquisas realizadas nos quatro grupos temáticos da Unidade (Produção Animal Sustentável, Solos e Agricultura, Produção Florestal, Fruticultura e Plantas Medicinais), dirigidas a diferentes públicos.
Bruno Pena, chefe-adjunto de transferência de tecnologias da Unidade, explica que a publicação é fruto da integração de equipes de diferentes áreas e tem o objetivo de contribuir com o acesso à informação tecnológica para o desenvolvimento sustentável das diferentes cadeias produtivas e do complexo agroindustrial do estado do Acre e do bioma Amazônia. O usuário encontrará informações sobre cada tecnologia, recomendações de uso, vantagens e impactos na cadeia produtiva, em linguagem clara e objetiva, além de rico acervo de imagens fotográficas e infográficos.
“Somos um centro ecorregional e nossa carteira de projetos é diversificada, abrangendo desde o extrativismo, produção de farinha, pastagens e sistemas integrados, dentre outros temas. Precisávamos de um material simples e direto, que traduzisse a identidade da Unidade e informasse com clareza sobre quem somos e o que fazemos. As informações serão atualizadas a cada dois anos, com inclusão de novos ativos tecnológicos gerados pela pesquisa. Além de situar o público sobre nossa atuação, o portfólio de tecnologias é um instrumento de trabalho para cada empregado”, disse.
Na programação com o público interno os relatos de experiência feitos por “prata da casa”, emocionaram os participantes. Há 11 anos na Empresa, o analista da área de transferência de tecnologias, Daniel Papa, compartilhou com os colegas o sonho de trabalhar na Amazônia. Desde criança já ouvia falar na Embrapa, mas foi na graduação em Engenharia Florestal, na Universidade de Brasília (UnB), que se familiarizou com a Empresa e decidiu mudar para o Acre, para atuar na área florestal.
Quando ingressei na Embrapa, em 2009, queria aprender geotecnologias aplicadas ao manejo da floresta. Tive a oportunidade de iniciar com o Modelo Digital de Exploração Florestal (Modeflora), tecnologia referência na área, e de lá para cá foram muitos desafios e um rico aprendizado. Sou muito grato por trabalhar nessa empresa, principalmente por estar em contato com a geração de conhecimento, continuamente. Um dos momentos mais gratificantes no trabalho que realizo é, ao final de um curso, ouvir dos participantes que o conhecimento compartilhado pode transformar o trabalho que realizam”.
O pesquisador Judson Valentim também compartilhou momentos da sua trajetória profissional. Na Unidade desde 1979, lembrou das dificuldades de acesso quando as estradas não eram pavimentadas, da precariedade do sistema de comunicação baseado em telefonia a rádio e da época em os projetos precisavam ser datilografados porque não havia computadores. Ele diz que olhar para o passado ajuda a perceber como o Acre evoluiu e o quanto a Embrapa contribuiu para promover mudanças na realidade do Estado, disponibilizando tecnologias para a melhoria da produção de alimentos.
“Tenho o privilégio de trabalhar numa empresa que tem credibilidade. Manter essa confiança na Embrapa é crucial para o Brasil continuar como protagonista global, não só na produção de alimentos, mas também em outras questões. A Amazônia possui uma riqueza fantástica com a sua biodiversidade e, paradoxalmente, abriga populações extremamente pobres, altas taxas de mortalidade infantil e baixa expectativa de vida, em relação a outras regiões. O grande desafio é desenvolver inovações tecnológicas que permitam transformar os estoques de recursos naturais em riqueza efetiva para as populações amazônicas, como forma de reduzir as desigualdades sociais, assegurando a conservação ambiental”, enfatizou Valentim.
Conheça mais sobre as pesquisas da Embrapa Acre, a sua trajetória na linha do tempo e a história dos colaboradores na página do aniversário de 44 anos da Unidade.