O professor da Ufac, Marcos Silveira, é coautor de um estudo sobre palmeiras arbóreas publicado no “Global Ecology and Biogeography”. O artigo, intitulado “A abundância global de palmeiras”, assinado por 213 pesquisadores de 48 países, avalia a quantidade de palmeiras nas florestas tropicais no mundo e conclui que elas são mais abundantes nas florestas das Américas.
Com base nos dados compilados de 2.548 parcelas permanentes das redes PPBio, Rainfor e AfriTRON, os pesquisadores quantificaram o número de palmeiras em relação ao de árvores e cipós e verificaram que elas são cinco vezes mais numerosas em florestas neotropicais, como as da Amazônia, do que nas florestas tropicais asiáticas e africanas.
O estudo também revelou que as palmeiras preferem terrenos com lençol freático mais raso, são mais abundantes em áreas úmidas e com solos menos férteis.
Um dos símbolos das florestas tropicais, as palmeiras compreendem mais de 2.500 espécies, muitas delas usadas como alimento, remédio, material de construção e em artesanato. O professor Marcos Silveira usou dados coletados em 20 parcelas permanentes monitoradas no Acre. “Com quase uma centena de espécies de palmeiras registradas no Estado, podemos encontrar mais espécies desse grupo no Acre do que em toda a Bolívia, com destaque para murmuru, jaci, paxiubão, paxiubinha, patauá e açaí”, contou.
A variação no número de palmeiras entre regiões tropicais ainda não havia sido quantificada. Essa avaliação global é liderada por Robert Muscarella, da Universidade de Uppsala (Suécia), e Thaise Emilio, da Universidade de Campinas.
“Para entender melhor as florestas tropicais e reduzir a incerteza sobre o balanço de carbono nesses ecossistemas durante as mudanças climáticas, resumimos dados para mostrar como o número de palmeiras varia em todo o mundo, em comparação com outras espécies de árvores”, disse Muscarella.
O artigo ainda destaca que metade da biomassa total na floresta amazônica é distribuída entre menos de 300 espécies de árvores, incluindo várias espécies de palmeiras. “Compreender as espécies dominantes nas florestas tropicais é crucial para reconhecermos como essas florestas funcionam e quão vulneráveis elas serão em relação a distúrbios e mudanças climáticas no futuro”, concluiu Muscarella.
Segundo Thaise Emilio, a abundância das palmeiras não surpreende os pesquisadores. “No entanto, ainda carecemos de uma representação justa dela nos estudos sobre o funcionamento das florestas tropicais”, ponderou. “Mostrar onde e quando as palmeiras devem ser consideradas pode ser a principal contribuição do nosso novo estudo.”