Por mais de três horas, o secretário estadual de Saúde, Alysson Bestene, respondeu a perguntas dos deputados estaduais sobre as estratégias utilizadas pelo governo para o combate à pandemia de Covid-19 no Acre. A sessão virtual da Assembleia Legislativa (Aleac) foi realizada nesta terça, 30.
O convite ao secretário foi feito pelo deputado e líder do governo Gehlen Diniz (Progressista). As principais dúvidas dos parlamentares foram sobre as testagens, os medicamentos, os hospitais, a aplicação de recursos e os respiradouros disponíveis no sistema de saúde do Estado para o atendimento dos pacientes com Covid-19.
Alysson respondeu a todas as perguntas formuladas, destacando que o Acre é o segundo estado brasileiro no quesito transparência de aplicação de recursos públicos na pandemia. “Montamos um portal somente da Covid-19, ajustado todos os dias. Ali mostramos a aplicabilidade de verbas com as contratações de profissionais, empresas prestadoras de serviços e fornecedores”, disse.
Ele acrescentou ainda: “Recebemos até agora R$ 57 milhões de recursos federais, sendo uma parte de R$ 28 milhões de emendas liberadas dos nossos deputados federais e senadores. Esses valores foram aplicados nas compras de medicamentos, EPIs [equipamentos de proteção individual], respiradores, construção dos hospitais de campanha, testes e custeio de todo o sistema de saúde”, explicou.
Alysson ressaltou que a estratégia de combate à pandemia dividiu o Estado em três grandes regionais de saúde, Alto Acre, Baixo Acre e Juruá. Em cada uma delas está disponível à população pelo menos um grande hospital de referência para atender os casos de contaminados nas regiões, com exceção de Rio Branco, que possui várias unidades hospitalares.
Ele também discorreu sobre o protocolo de atendimento das pessoas infectadas pelo vírus e que adoecem. “Qualquer síndrome gripal a gente considera como Covid. Os municípios têm montado unidades-sentinelas pra tratar a doença no estágio inicial. Quando o quadro se agrava, o paciente é atendido num hospital. Temos disponíveis nesse momento, 10 leitos de UTI no Juruá, 95 no Baixo Acre e estamos finalizando 10 leitos de UTI no Hospital de Brasileia. Alguns medicamentos são fornecidos pelo SUS e outros o Estado adquire. No estágio inicial da doença, os remédios são da responsabilidade dos municípios”, pontuou o secretário.
Um dos problemas enfrentados pela Sesacre, segundo o gestor, é a dificuldade para a compra de equipamentos e medicamentos, além da logística de transporte para esses insumos chegarem ao Acre. “A indústria nacional vem sofrendo para fabricar e atender a demanda neste momento. No caso do Acre, a distância deixa tudo ainda mais complexo. Por exemplo, existe uma dificuldade para se adquirir kits de intubação e essa é uma preocupação no Brasil inteiro. Mas estamos mediando com o Ministério da Saúde para buscarmos esses kits até mesmo fora do país, se for necessário”, ponderou Alysson.
O Acre está entre os três estados que realizam mais testagens. Existe muita desinformação sobre a questão dos testes para avaliar as pessoas com suspeitas de contaminação pela Covid-19. Alysson não aconselha o uso dos testes rápidos utilizados nos municípios porque, segundo ele, apresentam muitos falsos negativos.
Nesse sentido, revelou que o governo pretende investir num outro tipo de testagem rápida, que se realiza com antígeno, mais eficiente. O secretário explicou que a Sesacre investiu nos testes padrão Ouro RT-PCR porque existem dois laboratórios de referência em Rio Branco com grande capacidade de testagem. “Atualmente, o Lacen tem capacidade para 50 testes e o Charles Mérieux para outros 300 testes diários de primeira linhagem. Vale lembrar que por muito tempo, em outras gestões, não houve investimento em diagnóstico nos laboratórios do Estado, que eram para estarem totalmente equipados e não estavam. Revertemos essa situação e o Acre avançou muito nesse campo. Inclusive, ficaremos com uma estrutura muito eficiente de diagnósticos para outras enfermidades no pós-pandemia. Estamos também com um projeto para ampliar para o interior essa testagem mais eficiente”, ressaltou Bestene.
Um outro questionamento feito pela deputada Dra. Juliana (PRB) ao secretário diz respeito às informações aos familiares das pessoas internadas nos hospitais com Covid-19. Alysson admitiu que houve um lapso nessas informações, mas que o problema já foi solucionado. “Colocamos mais assistentes sociais nas equipes dos hospitais para ajudar. Assim as famílias receberão diariamente um boletim sobre o estado dos pacientes sempre no mesmo horário. Às vezes, o médico que elabora o boletim está atendendo uma emergência e não é possível passar as informações naquele momento. Mas estamos melhorando o sistema para torná-lo mais eficiente. Pedimos sempre um olhar humanitário e acolhedor às famílias dos pacientes. Não estamos medindo esforços para salvar vidas e dar um apoio psicológico nesse momento difícil”, refletiu Alysson.
O gestor da Sesacre também foi indagado sobre os motivos de o Hospital de Campanha do Juruá não ter sido ainda colocado em funcionamento. “Esse hospital foi construído em 36 dias, com 10 UTIs, 20 unidades de terapia semi-intensiva e 60 leitos de enfermaria. Alguns equipamentos ainda estão por chegar. Mas na Regional do Juruá ainda temos leitos suficientes para atender a população. Abrimos o Hospital Dermatológico, com 30 leitos pra dar suporte aos pacientes. Mas é provável que na próxima semana, com a chegada da usina de oxigênio, o Hospital de Campanha do Juruá entre em funcionamento. A política do governador Gladson Cameli é de só entregar uma obra totalmente em funcionamento”, explicou Alysson.
Ele agradeceu ao empenho da equipe da Sesacre no combate à pandemia e finalizou: “Esse é um trabalho conjunto de todas as secretarias sob o comando do governador Gladson Cameli, que tem nos permitido dar uma resposta positiva no combate a essa pandemia que, se Deus quiser, logo vai passar. E não estamos poupando esforços para ajudar aqueles que mais necessitam neste momento de muita dificuldade que o Acre está atravessando”.
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