Na minha rotina é comum realizar processos seletivos para clientes e internamente nas nossas empresas. E nada mais comum nestes processos que recebermos um currículo do candidato à vaga a ser preenchida por ele, caso ele cumpra os pré-requisitos anunciados previamente e passe por todas as etapas, é contratado.
Perdi as contas de quantas seleções já conduzi e teria que acessar nosso histórico nas mais de cem empresas atendidas ao longo desses últimos vinte anos para precisar com certeza um número exato e dizer quantos candidatos avaliamos. Mas posso garantir: milhares. E quando contratamos alguém, queremos ter certeza que fizemos o melhor.
Quando um candidato à uma vaga qualquer apresenta um currículo onde ele afirma ser fluente em inglês, é obrigação do recrutador averiguar o nível de fluência deste candidato naquele idioma. Se ele afirma ter domínio do pacote Adobe/Office/Corel ele precisa demonstrar na prática a sua perícia nos sistemas ditos por ele ter a maestria anunciada em seu currículo.
É bastante comum buscarmos nos candidatos a qualquer vaga uma carta de referência do emprego anterior (ou anteriores) que corrobore com as informações ditas em seu currículo para ampliar a segurança em contratarmos aquela pessoa. E mitigarmos riscos de pormos uma pessoa que amplie as possibilidades de conflitos em nossa empresa ou na dos nossos clientes.
Hoje o Brasil acompanhou, quase incrédulo, o pedido de demissão do agora ex-Ministro da Educação Carlos Alberto Decotelli, que ficou no cargo menos de uma semana, após ter sido acusado por plágio em teses de stricto sensu e por ter inserido informações inverídicas em seu currículo, como ter lecionado em uma instituição – que emitiu nota o desmentindo – entre outras coisas.
É espantoso que no meio de tantas crises já existentes no Brasil, a gente tenha que acompanhar mais uma como esta. Que demonstra um amadorismo quase juvenil numa das áreas mais sensíveis de nossa nação. O país elegeu um presidente há 18 meses envolto a um discurso anticorrupção e que iria buscar a montagem de uma equipe ministerial totalmente técnica e voltada para a excelência.
Quando um “profissional” tenta nos enganar com informações ludibriosas no seu currículo, ele não passa pela seleção. Ele fica na peneira. Ele toma algumas boas lições de moral. Ouve alguns conselhos sobre ética, respeito, caráter, disciplina e sobre como a vida premia aqueles que não buscam atalhos. O caminho “mais curto” costuma nos levar a vexames e vergonhas.
Hoje, todos nós ficamos um pouco mais sábios com essa aula do Professor Decotelli! A quem externo meu sincero agradecimento por tão valiosa lição. Aguardem os memes. Eles virão com gosto de gás. E não contratem ninguém sem verificar se o currículo é verídico e se não souberem fazer isso, contratem um profissional ou uma empresa que saiba. É menos vexatório e muito mais barato para todos os envolvidos!
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