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Cheias dos rios ameaçam cidades de Rondônia e voltam a aterrorizar acreanos

Enquanto não sai  ponte do Madeira, cantada e decantada como salvação logística, vizinhos dançam conforme a chuva toca

 

Edmilson Ferreira

Rondônia sofre pesadamente com as cheias dos rios que cortam o Estado. E não são somente os grandes que causam transtornos mas principalmente os afluentes  deles, como o Rio Araras, que cobriu a velha ponte de ferro na BR  425,  que liga Porto Velho a Guajará-Mirim e outras cidades ao longo dessa rodovia.

O Araras é afluente do Rio Madeira, ao qual contribui sistematicamente para elevação de seu nível -não sem a ajuda dos mananciais bolivianos e peruanos,  Madre de Dios e Beni, que atualmente exercem forte influência na variação do volume de água dos rios rondonienses. Por tabela, o Acre passa a viver o pesadelo das águas cobrirem a BR 364, algo que já vem ensaiando  desde o começo de fevereiro.

O Rio Madeira é ameaçador para o Acre mas seus tributários, como o próprio Araras, Abunã  e o  Jirau, servem de pólvora para a explosão aquática na rodovia que é a única ligação rodoviária que os acreanos possuem para se conectarem ao Sul do País.

Nesta primeira semana de março, o ziriguidum do carnaval se confunde com o teté-teté dos motores levando e trazendo pessoas, mercadorias e móveis nos bairros de Porto Velho, Candeias do Jamari, Ariquemes e Ji-Paraná, entre outras, onde há notícias de dezenas de desabrigados por conta das cheias. Alguns locais já conseguem respirar meio que aliviados mas vários pontos seguem submersos. O medo dos acreanos nessa hora é o mesmo dos rondonienses ao decidir permanecer em casa mesmo ante à iminência do flagelo: os ataques dos ratos d´água, os ladrões de móveis e bens, aproveitadores e saqueadores.   A Defesa Civil aconselha, faz o que pode mas muita gente teima em ficar dentro de casa.  Em Ji-Paraná, improvisou-se um abrigo para 40 famílias no maior ginásio da cidade. Na capital, Porto Velho, comerciantes de bairros tradicionais, como o Cai N´Água, abrem suas lojas com água no joelho. “Tenho contas a pagar. O jeito é abrir, trabalhar”, disse o pequeno empresário do ramo de material de construção Francisco Mendes.

Outra rodovia referenciada pelos acreanos, a BR 319 está com um importante ponto de alagamento após a cabeceira da ponte do Madeira no sentido Porto Velho – Manaus. Junto com a travessia da balsa do Abunã para o extremo norte de Rondônia e o Acre o ponto de alagamento na 319 preocupa muito a Polícia Rodoviária Federal que aconselha aos viajantes aguardarem tempo bom para seguir rumo a Humaitá.

As chuvas turbinam as alagações mas contam com uma boa contribuição humana: as PCHs, ou pequenas centrais hidrelétricas se espalham pelos rios rondonienses e aprimoram o modo com que a água se espalha pelas fazendas e cidades. No campo levam pontes, como a do Rio Branco, na estrada que liga Ariquemes a Cujubim, fato ocorrido em fevereiro. A exploração irracional dos mananciais colabora também. Os rondonienses pagam o preço do projeto de desenvolvimento que escolheram.

Na tarde desta segunda-feira (4) o nível do Rio Madeira marcou 17,29 metros em Porto Velho e dá sinais de continuar subindo.  Em Abunã, região que impacta diretamente ao Acre, o nível era de 22,6 metros naquele mesmo horário.

A ponte do Madeira está em mais de 90% com sua estrutura pronta e deve realmente ser inaugurada em setembro deste ano.  Será uma festa em pleno verão. Até lá, acreanos e rondonienses dançam conforme o inverno toca.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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